Aproximando-se da sagrada terra da Bahia, o dia 2 de fevereiro chega em ondas, despertando coisas diferentes em cada baiano, mostrando-se de diferentes formas.
Esta tarde fui tocada por uma história linda, envolvendo a Rainha do Mar e os seus fies, ou infies, louvadores.
Essa é uma história real. Aconteceu com a avó de um amigo meu.
Mesmo católica fervorosa, Dona Benedita sempre levou em conta as crendices de sua família – e da terra que a pariu – nos santos sagrados do Candomblé. Frequentadora assídua da igreja, não se deixava corromper por demais cultos, porém, os orixás, em especial, tinham um certo aconchego no coração carola daquela senhora.
Vésperas do novo ano, Dona Benedita viu-se frente a oportunidade de uma nova promessa. Decidiu, então, ofertar a Rainha das Águas nada mais, nada menos, que uma televisão em troca do seu “desejo”.
Deve ter sido uma coisa muito importante, para combinar com uma oferenda “de peso” como aquela.
E não é que Yemanjá fiou balançada com a possibilidade de ter uma TV novinha lá nas profundezas da minha amada Baía de Todos os Santos ? Deve ter mesmo muito santo para dividir um controle remoto só porque, como de certo, ela cumpriu com a sua parte no “trato”.
Agora, vocês devem pensar o que eu pensei quando chegou neste momento da história – narrada por um amigo, o neto de Dona Benedita:
– E aí, Pedro, ela jogou ou não jogou a TV?
A pergunta, para mim, foi retórica, porque eu, sendo ela, tinha jogado. Mas não é que Dona Benedita pensou diferente:
“- De TV para rádio tem muita diferença? Acho que não, né?! Melhor jogar só um radinho…”
Bem, eu discordo. Tem uma leve diferença sim. E, pelo visto, a Rainha do Mar concordava comigo.
Depois que Dona Benedita jogou o rádio no mar da praia vizinha a sua casa, não é que, alguns dias depois, ele veio aparecer na porta da casa da dona do bendito nome?
Cientistas e físicos poderiam explicar que “o movimento das marés”, “as luas”, “os ventos” e “outras coisas” fizeram isso acontecer. Para quem crê, isso foi exatamente o que aconteceu e só.
Quem é do dendê, quem não é. Quem é católico, quem não é. Fato é: Yemanjá é a única deusa do culto afrobaiano do Candomblé que tem uma festa em Salvador só para ela, cunhada sob o seu próprio nome e visitada por todo o mundo.
Ou seja, Dona Benedita sentiu-se estimulada a “reconsiderar” a sua oferenda e, desta vez, lá foi , rumo ao mar, entregar às águas uma linda TV – sem mendigarias.
Blupt, blupt, blupt – Afundou a televisão de não-sei-quantas polegadas.
Esse causo me fez lembrar a flor “improvisada” que ofertei na virada de ano.
É… não tem barganha.
Amanhã, dia 2 de fevereiro, lá vou eu com um buquê lindo de flores.
Pode parecer pouco perto da grandeza da Mãe do Mar. Mas não é não, e olhe que eu nem sou candomblessita ou algo do genêro. Mas sou baiana, soteropolitana, e não sei porque, sinto que sou “perto dela”.
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